sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

E tu não voltavas.



“Tu não voltavas para mim, voltavas para ti e para ti. As minhas injecções de afecto, alimentavam-te o ego. Os teus regressos serviam para marcares ainda e sempre o teu território. Mas tu alimentavas a ausência, o vazio, o grande equívoco de todo este amor. Porque na verdade, meu querido, estou agora em crer que nunca houve amor. Não da tua parte” Margarida Rebelo Pinto.

Escrevo por entre linhas tortas, num papel desgastado pelas marcas do tempo tudo aquilo que o teu olhar evidencia. Os teus olhos que outrora transbordavam amor e cumplicidade estão agora marcados por uma tão notória tristeza.
O teu sorriso que um dia foi puro e genuíno agora reflecte tudo aquilo em que te tornas-te. As palavras antes pronunciadas por entre olhares ternurentos, beijos apaixonadas, abraços apertados, palavras dignas de serem gritadas ao mundo, palavras que transmitiam todo o amor e o carinho que um dia me transmitis-te, foram agora levadas pelo vento juntamente com a poeira que restou do meu coração, o coração que tu queimas-te com a chama ardente da tua indiferença.
Escrevi o teu nome na areia mas o mar apagou-o, tal como tu apagas-te da tua memoria tudo aquilo que um dia vivenciamos.
Num dia mostraste-me o que é o amor no verdadeiro sentido da palavra no outro fizeste-me sentir a dor de ter um punhal envolto em chamas cravado no coração.
As lágrimas escorrem-me pela face, trazendo consigo pedaços de dor, a dor que tu esculpis-te na minha alma a ferro e fogo.
Será que no mais profundo do teu ser, naquela ínfima parte de ti onde ainda és sensível e genuíno sentes a minha falta nem que seja por uns míseros segundos? Temo que a resposta seja demasiado óbvia, temo que te tenhas transformado de vez naquele rapaz duro e frio que já há algum tempo demonstras ser. Sinto-me a cair num poço tão profundo que me faz esquecer tudo aquilo que sou, a escuridão penetra-me a pele, arrancando-me o coração e fazendo-o mergulhar naquele enorme vazio.
A minha vida agora resume-se a um labirinto em que todos os caminhos conduzem-me sempre á mesma pessoa, ao mesmo sentimento, preciso que me resgatem e que me levem para um lugar seguro, onde a imagem daquele que outrora me fez tão feliz não faça questão de me invadir o corpo e a alma sem dó nem piedade. Porque é que ainda não aprendi que quem ama verdadeiramente, entregando-se sem medos nem receios acaba sempre com uma espada cravada no coração? Sou demasiado ingénua, e a minha ingenuidade faz com que todos me pisem o coração até não restar uma única pinga de sangue, mas para mim chega, quero pintar o meu sorriso com todas as cores do arco íris e ser feliz.

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